Em entrevista coletiva na noite desta quinta-feira (02), o Ministério da Saúde divulgou os resultados do EPICOVID19-BR, o maior estudo epidemiológico do país sobre o coronavírus. Dividida em três fases, com início em maio e término no final de junho, a pesquisa analisou 89.397 pessoas de todas as regiões do país e foi conduzida pela Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
A pesquisa utilizou como base geográfica as 133 cidades de regiões
intermediárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -
agrupamentos de locais que são articulados através da influência de uma
metrópole, capital regional ou centro urbano.
Entre os resultados, pesquisadores levantaram que os sintomas mais frequentes
das pessoas infectadas pelo coronavírus incluem alteração do olfato/paladar,
dor de cabeça, febre e tosse. Dentre as pessoas que participaram do estudo, 91%
apresentaram sintomas e 9% eram assintomáticas.
“É claro que esse número tem que ser considerado com o devido cuidado. Não
estamos querendo dizer que 91% das pessoas vão precisar de atendimento
hospitalar. Estamos dizendo que os sintomas da Covid-19 aparecem e isso é uma
boa notícia para a secretaria de Vigilância da Saúde para desenvolver
protocolos para tentar identificar pessoas sintomáticas e com isso, impedir a
disseminação da doença”, avaliou o coordenador do estudo epidemiológico, Pedro
Hallal.
LETALIDADE
O estudo da Universidade Federal de Pelotas apontou também a
estimativa da letalidade da infecção por coronavírus. Os resultados mostram
taxa de letalidade de 1,15%, o que significa que a cada 100 pessoas infectadas
pelo vírus, uma vai a óbito.
“Tem uma alteração grande por faixa etária. Pode ter variação por aglomeração
na casa, tem uma série de variáveis que nós discutimos com o Ministério da
Saúde para análises futuras, mas, em geral, na população o número que temos
para apresentar é 1,15%. É um dado consistente, baseado em fatos reais e não em
projeções matemáticas”, destacou Pedro Hallal.
OUTROS RESULTADOS
A pesquisa levantou informações sobre distanciamento social.
Da primeira fase até a última, no final de junho, o percentual de pessoas que
saem de casa diariamente subiu de 20,2% para 26,2%. A estatística de pessoas
quem saem só para atividades essenciais diminuiu – passou de 56,8% em meados de
maio para 54,8% no final do mês passado.
O coordenador do estudo, Pedro Hallal, também chamou atenção para a infecção
por crianças e adolescentes. “Também pegam o vírus na mesma proporção que
adulto. Claro que o quadro clínico das crianças é menos grave, mas pegam
também. No início da pandemia foi sugerido que crianças não pegavam”,
avaliou.
O estudo mostrou ainda que os 20% mais pobres da população brasileira tem o
dobro da infecção do que os 20% mais ricos da população. “Uma explicação é a
questão da aglomeração, da quantidade de cômodos, quantidade de moradores.
Vamos explorar isso ao longo dos próximos meses”, destacou Hallal.
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