Diante de um cenário cada vez mais caótico e preocupante, com o aumento do número de casos do novo coronavírus em Santarém, no oeste do Pará, 33 entidades de classe estão propondo ações coletivas para adoção de protocolos mais rigorosos para frear o avanço da Covid-19 no município.
As propostas foram protocoladas no último dia 7, no Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública de Santarém, Conselho Municipal de Saúde (CMS) e encaminhadas ao Centro Regional de Governo do Baixo Amazonas.
No documento, os representantes de 33 entidades pedem que a partir da próxima segunda-feira (11), a Prefeitura decrete o 'lockdown’, como estratégia drástica para combater a disseminação do novo coronavírus e diminuir a curva, a fim de evitar um colapso no sistema de saúde, farmacêutico e funerário do município.
Na proposta de Ação Coletiva, as entidades enumeram uma
série de recomendações dadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para
conter o avanço do coronavírus no mundo e destacam que o distanciamento social
é uma das principais medidas a serem adotadas pelos governantes.
O documento também a Lei número 13.979 de 6 de fevereiro de
2020, aprovada pelo Congresso Nacional, que dispõe sobre as orientações
adequadas para o enfrentamento da chamada 'emergência de saúde pública', que
estabelece o aparato necessário para garantir uma atuação preventiva contra a
pandemia em todo o território brasileiro.
Os representantes das entidades ressaltam o momento de
calamidade sanitária que o estado do Pará e a cidade de Santarém estão vivendo
e que a situação deve ser enfrentada conforme as orientações da OMS. Segundo
eles, a sociedade tem se mobilizado em ações de solidariedade e alternativas
que visem mitigar a referida situação, mas é preciso o envolvimento mais
comprometido do Poder Público.
A proposta de ACP questiona ainda as ações desenvolvidas
para o combate e disseminação do novo coronavírus pela atual gestão municipal
que, segundo as entidades, não têm sido eficientes, uma vez que os números de
casos têm dobrado a cada semana em Santarém.
Na atualização mais recente dos casos da doença, divulgada
na noite desta sexta-feira (8) pela Prefeitura, o município tem 199 casos
confirmados e 15 óbitos. O total de pessoas recuperadas soma 39.
Por outro lado, 118 seguem em análise e 1.404 notificados/monitorados e 400 monitorados recuperados. Nesses dados não estão citados os casos subnotificados no município.
Por outro lado, 118 seguem em análise e 1.404 notificados/monitorados e 400 monitorados recuperados. Nesses dados não estão citados os casos subnotificados no município.
As entidades mencionam ainda que o atual cenário é
preocupante e que o município vive a iminência de uma tragédia, já que a taxa
de distanciamento social de Santarém é de 41,6%, segundo boletim divulgado pela
Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), na última
quinta-feira (7).
O índice contraria as orientações da OMS, que tem orientado que a taxa de isolamento eficaz para a prevenção e combate à Covid-19 é de 70% da população em suas residências.
O índice contraria as orientações da OMS, que tem orientado que a taxa de isolamento eficaz para a prevenção e combate à Covid-19 é de 70% da população em suas residências.
Alguns fatores têm contribuído para que a cidade não consiga
aumentar sua taxa de distanciamento social. As entidades citam o funcionamento
do comércio, que "coloca em risco a vida dos trabalhadores e da população
em geral, uma vez que cotidianamente o movimento é constante, conforme pode ser
observado à luz do dia", destacou o documento.
Também mencionam outro fator preocupante: a falta de
infraestrutura necessária nas unidades de saúde, UPA 24h, Hospital Municipal,
Hospital Regional e Hospital de Campanha para o atendimento da população
infectada pelo novo coronavírus e pelas demais doenças tropicais que acontecem no
período do inverno. Além da ausência de equipamentos de proteção individual que
garantam a segurança sanitária dos profissionais da saúde.
As entidades cobram que a Prefeitura elabore um Plano de
Ação Estruturado que contenha ações concretas de caráter preventivo,
atendimento e apoio social para alcançar a taxa de distanciamento conforme
preconizado pela OMS e já adotado em cidades do Baixo Amazonas, como exemplo de
Prainha, na Calha Norte.
Entre as medidas sugeridas pelas entidades estão campanhas
nos bairros, por meio de carro som ou outro meio de comunicação, para
fortalecer o incentivo ao isolamento social, em especial aos grupos
considerados de risco, os que vivem em vulnerabilidade social e os
disseminadores da doença (assintomáticos).
Além disso, que sejam implementados programas que forneçam subsídios para os clubes de mães, associações de moradores e demais organizações para confecção, distribuição e massificação do uso de máscaras pela população.
Além disso, que sejam implementados programas que forneçam subsídios para os clubes de mães, associações de moradores e demais organizações para confecção, distribuição e massificação do uso de máscaras pela população.
Eles também cobram melhores condições de trabalho para os
profissionais de saúde. E que a Prefeitura dê transparência e publicidade aos
gastos dos recursos públicos recebidos do governo do estado e federal.
A proposta de ação coletiva sugere ainda que a Prefeitura
realize diariamente ações de higienização e sanitização dos ambientes (ruas, na
zona comercial e entorno das agências bancárias em áreas extra-centro). Que
feche as instituições de ensino municipais, dispensando todos os servidores em
exercício, porém, mantendo apenas os serviços essenciais.
"As ações visam garantir princípios do SUS, como a
universalidade, integridade, equidade, regionalização, descentralização e
participação no contexto de emergência sanitária internacional e nacional
provocado pelo novo coronavírus".
Veja abaixo a lista de entidades que assinam o documento:
Federação das Associações de Moradores e Organizações
Comunitárias de Santarém (Famcos)
Associação Francisca Maristella do Brasil (AFMB)
Sindicato dos Profissionais das Instituições Educacionais da
Rede Pública Municipal de Santarém (Sinprosan)
Sindicato dos Trabalhadores em Saúde no Estado do Pará
(Sindsaúde)
Coordenação das Pastorais Sociais da Arquidiocese de
Santarém
Seção Sindical dos Docentes da Ufopa (Sindufopa)
Projeto Saúde Alegria (PSA)
Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
(FASE)
Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Oeste do
Pará e Baixo Amazonas (MOPEBAM)
Sociedade para Pesquisa e Proteção ao Meio Ambiente
(Sapopema)
Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Previdência, Saúde,
Trabalho e Assistência Social no Estado do Pará (Sintprevspa)
Sindicato dos Urbanitários do Estado do Pará (Senpa)
Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (CITA)
Associação de Moradores do Bairro Liberdade (AMBAL)
Obras Sociais da Arquidiocese de Santarém - Pastoral do
Menor
Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS)
Associação dos Moradores do Bairro Santíssimo (Amorsan)
Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará
(Sintepp)
Comissão Pastoral de Pescadores (CPP)
Associação de Moradores do Bairro Vigia (AMBAVIG)
Ministério da Custódia São Benedito da Amazônia
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Subseção Santarém
Sindicato dos Professores da Rede Particular de Ensino do
Estado do Pará (Sinpro/Pará)
Movimento Tapajós Vivo
Grupo de Defesa da Amazônia (GDA)
Associação de Moradores do Bairro Pérola do Maicá (AMBAPEM)
Associação de Moradores do Bairro Uruará (AMBU)
Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Meio Ambiente da
Amazônia (ADHMA)
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais,
Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (STTR)
Associação das Mulheres Domésticas de Santarém (AMDS)
Paróquia Cristo Libertador
Seccional do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS)
Por:Sílvia Vieira e Marcos Santos, G1 Santarém
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