Articulação dos Povos Indígenas do Brasil se manifesta contra o apresentador Luciano Huck

Crédito: Reprodução/Redes Sociais 

As imagens, que circulam nas redes, mostram o apresentador Luciano Huck orientando integrantes da equipe e indígenas sobre como deveriam aparecer diante das câmeras, incluindo pedidos para evitar celulares e retirar peças de roupa consideradas “não tradicionais”.

Com pouco mais de um minuto, o vídeo registra o momento em que alguém alerta o apresentador, que estava ao lado da cantora Anitta, de que um indígena usando uma camiseta amarela estava sendo filmado. Huck então solicita que a pessoa seja retirada do enquadramento. “Tira a roupa”, ele diz. Logo depois, agradece e completa: “É, limpa a cultura de vocês aí”
Ele também diz que "quanto mais celulares aparecem, menos é a cultura de vocês" aos membros da aldeia. Veja vídeo abaixo. 


A fala repercutiu imediatamente entre internautas, que acusaram o comunicador de tentar interferir na representação visual dos povos locais. 

MANIFESTAÇÃO

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) manifestou indignação diante da fala atribuída ao apresentador Luciano Huck durante gravações no Parque Indígena do Xingu.


Em posicionamento público, a APIB destacou que identidade indígena não se mede por objetos, mas por ancestralidade, território, memória e resistência histórica. Segundo a entidade, possuir um celular não torna ninguém menos indígena, e a expectativa de que povos originários neguem elementos do presente revela uma interpretação distorcida sobre quem são essas comunidades.

A organização também ressaltou que o acesso à tecnologia é um direito garantido a todos os brasileiros. No caso dos povos indígenas, esse acesso desempenha papel fundamental na defesa dos territórios, no monitoramento ambiental, na comunicação com o Estado, no acesso à educação e na denúncia de violações que por muito tempo permaneceram invisibilizadas.

Para a APIB, o episódio mostra como a sociedade ainda tende a enxergar os povos originários como figuras congeladas no passado, ignorando sua atuação contemporânea e seus múltiplos modos de existir. A entidade reforça que ser indígena nunca foi sobre recusar o presente, mas sobre existir com dignidade em qualquer tempo, inclusive nas telas que insistem em representá-los de forma equivocada.

0 Comentários