PARÁ: Preço do açaí ultrapassa a marca de R$ 52 reais por litro, em Belém. Produto está escasso na capital


Em uma cidade onde o açaí é a base da alimentação — basicamente um "arroz com feijão", servido com carnes e peixes —, o encarecimento do produto tem impacto no dia a dia de consumidores e milhares de trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva.

Só nos quatro primeiros meses do ano, o preço do açaí tipo grosso, o mais apreciado, vendido ao consumidor em Belém aumentou 56%, segundo levantamento do Dieese-Pará: começou o ano em R$ 35,67 por litro. Em maio é vendido a R$ 52,10 por litro. 

Um aumento nos primeiros meses do ano é esperado devido ao período de entressafra, na época mais chuvosa na Amazônia, que normalmente vai até junho. 

Na comparação de abril deste ano com o mesmo mês do ano passado, a alta é de 7,1%. Ao olhar para 2023, a alta para o mesmo o período já é de 27,6%.

Segundo pesquisadores e pessoas envolvidas na cadeia produtiva do açaí, a entressafra, porém, não explica todo o problema.

As mudanças aceleradas do clima, ainda somadas ao fenômeno do El Niño, têm alterado as condições necessárias para que o açaizeiro, uma espécie nativa de áreas de várzea, frutifique.

No ano passado, a estiagem prolongada que secou rios no norte do Brasil encurtou a safra e fez os frutos encolherem.

A alta do preço do açaí também tem ocorrido justamente em um momento em que o mundo descobre o sabor dessa fruta, um alimento saudável e energético agora apreciado desde as praias da Califórnia aos shoppings de Dubai, passando por todas as regiões do Brasil.

Para atender a essa demanda, a árvore de açaí passou a ser cultivada em grande escala nos últimos anos, em alguns casos em monocultura, levando a temores de perda de biodiversidade na Amazônia. A produção tem batido recorde no Pará, Estado que concentra 90% da produção nacional.

Os números de exportação do Pará sobre os derivados de açaí saíram de 1 tonelada em 1999 para mais de 61 mil toneladas em 2023, segundo a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

Mas, além dessas grandes plantações exclusivas às indústrias, o apetite pela fruta também faz com que alguns pequenos produtores, que antes abasteciam o mercado local, passassem a vender a fábricas que mandam o produto para fora do Pará, segundo pesquisadores, contribuindo para a crise em Belém.


0 Comentários