A polêmica envolvendo os 'radares de velocidade' cresce na Câmara de Vereadores de Santarém



Texto original: OEstadoNet

Um polêmico debate tomou conta da Câmara de Vereadores de Santarém, no oeste do Pará, esta semana, ao colocar em questão a eficácia dos radares de controle de velocidade instalados em rodovias estaduais, e os equipamentos que foram instalados em ruas do município, mas que tiveram o prazo de ativação adiado por 120 dias pelo prefeito Zé Maria Tapajós.

De um lado, um grupo de vereadores que usam como discurso que os radares 'são uma indústria de multas'

De outro lado os vereadores Alberto Portela e Erasmo Maia, que defendem a instalação de radares de fiscalização de velocidade de veículos para tornar o trânsito mais seguro para pedestres e motoristas.

A discussão foi motivada pela fala do vereador Alexandre Maduro, que usou uma questão de ordem para anunciar o protocolo de um requerimento solicitando à Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) e ao prefeito a anulação do contrato com a empresa responsável pela gestão dos radares na cidade.

Em aparte, o vereador Erasmo Maia questionou: a quem interessa a retirada dos radares? Vamos premiar o motorista infrator?

Mas o vereador Alexandre Maduro sustenta que a medida visa garantir uma análise detalhada da eficiência e transparência do serviço prestado, assegurando que a fiscalização eletrônica realmente beneficie a população e contribua para a segurança viária.

Um dos opositores mais ferrenhos dos radares é o vereador Elielton Lira, que sustenta que os dispositivos não têm impacto significativo na redução de acidentes. Ele citou a rodovia BR-163 como exemplo, argumentando que a instalação de lombadas teria sido mais eficaz para a segurança viária do que os radares.

"É comprovadamente que não funciona em nenhum lugar desse país. Aqui, temos como exemplo a própria BR-163, no trecho do planalto central. Foram colocadas muitas lombadas e tachões, e isso, sim, resolveu a questão do trânsito. E lá, nunca deixou de ter radares, mas não foi o radar que organizou o trânsito", declarou Lira.

Entretanto, a declaração do vereador é contestada pelo chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Santarém, Sidmar Oliveira. Segundo ele, atualmente não há radares de controle de velocidade em funcionamento instalados ao longo da BR-163, entre Santarém e Mojuí/Belterra. O que existe são dispositivos antigos do DNIT, no trecho urbano, do 3º Batalhão de Polícia Militar até o Detran, que não estão em operação por falta de convênios para processamento de multas e notificação de motoristas infratores.

Ao longo da BR-163, dois pontos dispõe de equipamento para fazer a identificação e registro de veículo que trafegam pela rodovia. Essas imagens, quando necessárias, são utilizadas pelo setor de inteligência da PRF para apreensão de veículos roubados ou utilizados em assaltos, por exemplo. Esses equipamentos não registram a velocidade dos veículos, esclarece a PRF.

A PRF diz que há um radar portátil, que só pode ser usado em áreas com velocidade superior a 60 km/h e fora de áreas densamente povoadas, como localidades do planalto santareno. "Os radares do DNIT nunca foram ativados, pois a gestão do trecho foi transferida ao município, e o DNIT não possuía um setor de compensação de multas como PRF e Detran", explicou Oliveira.

Além de Elielton Lira, os vereadores Alaércio Cardoso, Joziel Colares e Murilo Tolentino também se manifestaram contra os radares.

Em contrapartida, os vereadores Alberto Portela e Erasmo Maia defenderam a manutenção dos dispositivos, destacando a eficácia na redução de acidentes graves.

"Os radares são importantes para controlar a velocidade e prevenir acidentes. Estudos mostram que eles têm um impacto direto na redução de colisões graves", afirmou Erasmo Maia.

O debate sobre a permanência ou remoção dos radares de velocidade deve continuar nos próximos dias, com a expectativa de que a Secretaria de Mobilidade e Trânsito apresente um balanço sobre a eficiência dos equipamentos e responda ao requerimento apresentado pelo vereador Alexandre Maduro sobre a anulação do contrato com a empresa responsável pelos radares.



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