POLÊMICA: CPI do MST não aprova o relatório final e "acaba em pizza"

Parlamentares de esquerda 

Um dia após o término dos trabalhos, governistas e oposicionistas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST trocaram acusações em pronunciamentos no Salão Verde da Câmara dos Deputados.

O presidente da comissão, deputado Zucco (Republicanos-RS), acusou o governo federal de “jogar baixo” para que os trabalhos se encerrassem sem a votação do relatório final.

O texto do relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP), foi apresentado no dia 21, mas o pedido de vista e o cancelamento da última reunião impediram a análise dentro do prazo (encerrado no dia 26). O relatório será enviado informalmente às procuradorias-gerais da República (PGR) e Eleitoral (PGE), além do Tribunal de Contas da União (TCU).

O grupo de deputados da oposição pretende se manter articulado por meio da futura Frente Parlamentar da Invasão Zero.

"Fim melancólico"

Em outro ato no Salão Verde da Câmara, vários deputados governistas comemoraram o que chamaram de “fim melancólico” da CPI do MST. 

Eles apresentaram um relatório alternativo (voto em separado) com uma “agenda positiva de apoio à agricultura familiar e à reforma agrária”.

Para o deputado Nilto Tatto (PT-SP), a CPI foi criada sem fato determinado e com prévia intenção de criminalizar o MST. Tatto classificou como “atrocidades” algumas das diligências que o comando da CPI realizou no campo.

“Como é que pode: parlamentares desta Casa adentrando, sem mandado judicial, a moradia de uma família que está em um barraco provisório, aguardando um lote; arrombando cadeado de sede de associações, sem mandado judicial; adentrando uma terra indígena sem autorização da Funai ou mesmo da comunidade indígena; trazendo para essa CPI denúncias vazias”, criticou.

Para a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), a CPI foi o “último suspiro da extrema direita para tentar avançar sobre o direito constitucional de luta e organização política”.

“Essa CPI se encerra, mas as nossas tarefas não se encerram. Enquanto houver latifúndio improdutivo, concentração de terra e conflito fundiário no País, haverá luta e o fortalecimento do MST e dos demais movimentos do campo no Brasil”, salientou.

O deputado Valmir Assunção (PT-BA), que teve funcionários de seu gabinete entre os indiciados no relatório de Ricardo Salles, reafirmou o “orgulho de ser assentado”. Ele lamentou que a CPI tenha perdido a oportunidade de reforçar o orçamento do Incra e de buscar a redução dos conflitos no campo por meio da reforma agrária.


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